LICENÇA

Vou sair por aí,
Meio tonta de saudade.
Meu corpo andarilho não é eterno,
Nem se esconde em ruínas.
Ainda que não me encare
Que deixaste de me amar,
Com licença vou à luta,
Não quero ter medo de amar.
Vou me perder no próximo abraço,
Enquanto dormes.
Não estou sozinha,
Pois anda comigo o mundo inteiro.

PALAVRAS

Algumas palavras são duras,
Mas sem peso estarrecedor.
São ouvidas perdidas pelo espaço,
Girando pela atmosfera
E colorindo o ar.
De mansinho vão se juntando
Formando a poética postal.
Entram em envelopes
Sem tristeza ou frieza
E chegam as casas.
Onde espiam corpos, risos…
Por lá deixam suas mensagens.
Caiu a noite,
Já me vou…
Levo comigo somente as palavras.

ACONCHEGO

Sinto o vento que vem
Num momento de constante movimento,
Sinto apenas que sou alguém
Que tenta ser o que quer.
Não duvido da fé,
Nem do ciúme ,
Nem da vida cigana,
Nem do encantamento do seu olhar.

Vivo em movimento,
Abraçando o vento,
Que penteia o meu cabelo.
Quero um abraço profundo,
Um canto noturno,
Um amigo presente,
Uma paz profunda
Para eu poder me aconchegar